O menino do livro
 

         Um menino brincando na praça achou um pacote, ao abri-lo encontrou um livro. Seus amiguinhos disseram:

         — Que azar, bem que poderia ser um brinquedo!
          Mas seu pai simplesmente respondeu:
        — Talvez...
          Passado algum tempo o menino desejou conhecer o seu conteúdo, levou-o à professora solicitando uma explicação, porém ela respondeu:

          — Eu lhe ensinarei a ler, conheça por você mesmo.

          Seus amiguinhos disseram:

          — Que azar, bem que ela poderia ter explicado.

          Mas seu pai simplesmente respondeu:

          Talvez...

         Aquele livro se transformou no grande desafio da vida dele, enquanto os outros fugiam das dificuldades.

          Seus amiguinhos disseram:

          — Que azar ele ter encontrado aquele livro.

          Com o passar do tempo, o próprio menino respondeu:

          Talvez...

          O menino cresceu, depois de muito esforço conseguiu entender todas as lições daquele livro, mas como consequência adquiriu um forte espírito pesquisador.

          Vencido o desafio do primeiro livro, não se conteve, vieram outros livros e novos desafios, até que os livros se tornaram pouco para ele, decidiu decifrar as letras secretas escritas por Deus nas folhas das árvores, nas asas das borboletas, em várias partes da natureza...

          Seus antigos amiguinhos disseram:

          — Enlouqueceu.

          A resposta dele foi simplesmente:

          — Estou evoluindo.

           O menino se tornou uma personalidade intelectual, respeitado no mundo pela sapiência, porém sempre mantinha discreta sua grande espiritualidade. Os antigos amiguinhos, que não cresceram embora se tornassem adultos, tomando conhecimento do sucesso e da sua fortuna, disseram:

          — Que sorte a dele!

          Mas ele achou por bem não responder, pois se tornou um iluminado.

          Surgiu uma grande dor naquela região, uma moléstia desconhecida em virtude do desrespeito daquelas pessoas à natureza. Todos desrespeitaram, menos um, o que sabia ler as folhas das árvores.

          Aqueles que zombaram suplicaram cura, visto que muitos já haviam morrido. O homem iluminado sabia que Deus, em sua infinita bondade deixou escrito nas folhas das árvores a fórmula da cura. Estava em suas mãos, decifrá-la e tentar curar aqueles que não quiseram aprender a compreender, embora tivessem aprendido ler.